Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei.
- Martha Medeiros

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


Eu admito que é difícil. Eu, que por vezes sou mais dura que uma parede de concreto, que de vez em quando me sinto mais fria que um Polo Norte inteiro, reconheço que é muito difícil. É tão doído abrir mão de quem a gente ama. Tão triste admitir que não dá mais pra ficar e aguentar o tranco. Mas as vezes a vida não nos deixa alternativa. Ou a gente vai e se afoga na dor de ser inteiro e não suportar ser gostado pela metade, ou a gente fica e seca feito flor quando não é regada. Não dá pra fugir, não tem pra onde correr, se torna necessário procurar quem nos transborda e não quem nos esgote. Quem suga nossas forças e esperanças não tem o direito de ficar. Quem pinta a nossa vida de preto e branco, não merece nossos lápis aquarela. Quem vive de migalhas, não merece a nossa intensidade. Não dá pra se deixar doer de graça. É difícil deixar as pessoas voarem e é exaustivo pensar que esse ciclo de partidas não vai ter fim, mas eu fecho os olhos e deixo ir, sinto cada pessoa escorrer pelos meus dedos e é ai que eu encontro o meu lado pequeno, frágil e quebradiço. É ai que eu vejo minha parede de concreto ruir e meu Polo Norte derreter. Eu sinto meu peito tão miserável, tão escasso e diminuto a ponto de caber na palma da minha mão. As pessoas vão, mas os meus cacos ficam e é cansativo demais me reconstruir sozinha sempre. Mais difícil ainda é se encontrar, depois que você já se perdeu nas dores do mundo. Mais difícil ainda é se salvar, depois que o mundo já te deixou morrer tantas vezes.

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