Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei.
- Martha Medeiros

domingo, 8 de fevereiro de 2015


“Relativas impressões que o tempo registra sobre mim, paradoxo não ouvido que fluiu de mim e não consegui dizer. Eco maldito que se espalha e corrói entre dores, gemidos e sussurros daquilo que poderia ter sido e não foi. Você não tinha nada a perder, e eu só queria ganhar, ganhar aquilo que não possuía, ganhar o que me faria feliz, você. Vi o pouco que você fez sobre o muito o que eu era, e não deu valor ao muito que fiz, para o pouco que era teu. Fiz do teu pouco o meu muito, meu quase tudo. Você não se deu conta, mas fiz germinar o teu pouco, que se transformou no muito que se tornou. E disso tudo, apenas restou decepção. Partiu sem olhar pra trás, ou ao menos dizer adeus, perdi meu muito com medo, e me tornei pouco. Acabou meu medo, como se ele já fizesse parte da rotina, em que você fazia sua presença cada vez mais escassa. Do sonho que antes projetado por ambos, hoje nasceu a desesperança. Talvez eu tenha depositado demais minhas esperanças onde nada sairia, onde nem ao menos o básico do pouco poderia ser encontrado, porém esperas fazem parte da vida. As mesmas podem alimentar vidas, assim como matam as preciosas ilusões de nossas almas. Foi caindo que aprendi, foi esperando algum reconhecimento que vi cair por terra todas as preposições de mundo que eu continha. Eu falei, ninguém ouvi, eu gritei de forma escandalosa e por resposta recebi o mais cruel dos silêncios. Eu mostrei, você ao menos parou para olhar, e foi esperando enxergar a beleza que vi a tua face impiedosa a transbordar tua mentirosa verdade. Eu toquei, você não sentiu, e foi esperando uma reação simbólica que levei um tapa, um tapa sem toque. E foi esperando pelo aroma doce, que senti o amargor do seu egoísmo. Ou talvez, eu tenha sido de fato a egoísta da história, por esperar demais, a quem não havia nada por oferecer. E hoje não espero mais nada de você. Fiz o eu que era pouco pra você, se tornar muito para mim.”

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